Miradores

21 junho, 2010

*PRISÃO SEM MUROS*

Originalmente postado em 21 04 2010 no antigo endereço(cartasparaninguem.wordpress.com)

Nada me é tão claro quanto a Solidão

Nem mesmo o ciúme, que vez por outra me acomete, é assim tão explícito.
Minha Solitude ganhou ares titânicos na mesma noite em que senti teu calor, pela vez derradeira, dissolver o frio residente de meu espírito. No momento exato em que teus olhos deixaram de brilhar por mim; para mim!
Neste instante, bem neste, Soledade avivou-se e adentrou – perpetuamente – minha existência (que tornara-se ôca de signos e significados).

Mas ela é indiferente à minha dor e ri-se das parvas e esparsas tentativas por mim feitas de mitigar-lhe a tirania.
Contudo não consigo odiá-la; pois, sendo tu sua causadora, seria-me o mesmo que odiar a ti!

Feito este que é-me impossível!…

Posto serem os recordos que tenho de ti o único motriz que impulsiona meus pulmões a inspiração-expiração.

O lembrar-te: a única Luz que faz-me sorrir nos plúmbeos dias de sol!

Amar-te descompassadamente é o que induz meu coração pulsar empurrando o sangue pelas veias ao ritmo das músicas que juntos cantamos.

Tudo em mim vibra na intensidade justa dos versos e poemas que trocamos, das confidências e segredos que compartilhamos.

Da mão – sempre estendida – prolongam-se dedos tenazes, como vermes-vampiros, partindo em busca de tua carne, teu calor; meu nariz enxerga teu perfume açucenal em cada ser; meus ouvidos sentem tua voz, os sons de teu corpo, mesmo no mais hermético cofre – ou no mais profundo abismo oceânico; minhas pernas e pés não sabem deixar outro rastro que não seja o teu!!

Já não possuo pegadas próprias…

Meus olhos não discernem coisa outra que não seja o reluzir do sorriso franco que ilumina tua face e tantas vezes – mesmo agora – rejubila minh’alma!

Decerto sejas a unicidade de meu contentamento,

de minha consternação e nostalgia também o és!

Saciedade da implenitude de mim!!

E assim perdido, perambulo na vagacidade de meu existir buscando resgatar quiçá o limiar de toda a felicidade que me proporcionaste e que te retribuí tão canhestramente – mesquinhamente -, sempre intentando ocultar minhas deficiências de espírito, meus vícios de caráter.
Meu canyon impreenchível.

Tentei jamais perder-me-te, porém tu te foste para longe do meu lado e eu permaneci aqui:
Prisioneiro da estase provocada pelo amor que dedico a ti…

És, pela Eternidade, meu ópio causador de meu êxtase.

Então??

Preso por vontade” me mantenho.

Isto é tudo que posso fazer: trancafiar-me nesta minha prisão sem muros!!


*Frank J. Costa*


Alan Jackson - Remember When

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