Miradores

26 maio, 2023

*pa-re-do-lia*


Raios soam! O som arrepia.
A rã caiu, sua ira: uai! Isso dá?
Mala de lua, anil, a lula amei.
Amei a lula, anil, a lua de mala.

Roda a palavra, viva a maravilha!
Ó, rara aluna, nua e viva ao avesso!
O sol nasceu, o céu vazou, zás! Saiu o azul.
Luza Rocelina, a namorada do Manuel, leu na Moda da Romana: "Anil é cor azul".

Ó mão tola, boba, lama limpa, o golpe maravilha!
Assim, agora! O nome dela! Bela, calada, mal e limpa.
À caça, ecoa-se som, oca é cada assomo.
O olho do oco coa no ouro, no lixo, no coco, no sapo poça.

Emaranhados são os versos, como um jogo de espelhos,
O nonsense floresce em cada linha, confundindo os sentidos,
Palíndromos dançam, invertendo o sentido das palavras,
Um desafio para a mente, uma experiência surreal.

23 maio, 2023

*Da saudade e outras odes*

Agora, nas asas da saudade, abandono-me
Embalo-me no vazio que a tua ausência invade.
Mergulho na escuridão, triste e desamparo.

Titubeio pelas memórias restantes do passado,
Onde outrora sorriso brilhava, encantado.
Jaz, ora, apenas um eco de dor e desalento,
Pois a morte do amor me deixou desolado.

Te abandono agora, mas a alma permanece:
Inerte, buscando um alento que desvanecente.
O tempo se arrasta, implacável,
Enquanto a solitude insiste na insaciedade.

A solidão me consome, tal fogo que ardente,
Deixa em mim apenas um vazio covarde.
E a Morte, que sussurra em cada esquina,
Enquanto perambuleio, imploro por nova sina.

Nos abandonamos, agora, nas entrelinhas do destino,
No desatino das certezas em que fomos presos.
Na vacuidade de nosso peito, ecoa um grito silente,
Pleno de um lamento, por um amor já findo.

E, no adeus de hoje, cavemos forças para (re)começar,
Um amor, uma dor, uma vida.