Miradores

11 outubro, 2012

*poema negro*


Duas da manhã.
Então decido que é hora de parar.
Mesmo sabendo que vou me arrepender, mas não consigo encontrar outra alternativa.

Duas da manhã.
Aí começa-se a pensar que morrer é uma ótima opção afinal, assim tudo se acaba.
Não fazendo diferença se são as "boas" ou as "más" coisas.

Duas da manhã
Até perece que as pessoas valorizam"muito" este conceito esvaziado que gostam de chamar 'vida'...

Duas da manhã.
Hora em que o véu entre este e o mundo astral torna-se mais tênue e criaturas imemoriais podem tocar as consciências adormecidas dos mortais.
Infundir-lhes medos, pesadelos, falsasesperanças, concretas ilusões.

Duas da manhã.
Horário em que abro o pote de cápsulas com um rótulo escrito "hypnoinium" em elegantes letras vermelhas sobre um fundo vermelho, tiro três cápsulas, ponho sob a língua e as espero dissolver.

Duas da manhã.
Momento no tempo em que minha consciência começa a desfazer-se sob o efeito dos fármacos ingeridos.

Duas da manhã.
Hora de afundar na plácida escuridão do esquecimento.


Mas uma noite dessas, as duas da manhã, aumentando uma cápsula a cada noite, sei que encontrarei a dosagem certa pra me livrar daqui...