Miradores

15 abril, 2015

HAIKU Nº VII

http://molo.me/Frankjkosta
A mão, ávida, percorre a bandeja...
Copos que não vieram, garrafas vazias, cestinhas desprovidas de seu conteúdo.

A boca, voraz, macera tudo, rasga, perfura, mastiga...
A garganta, sôfrega, deglute, engole; estalando de prazer e saciedade.

Os dedos, lépidos, manipulam, usam, exploram o alimento que as mãos buscam, a boca macera e a garganta engole...

Morre uma vida para que a minha se sustente.

O DESTERRO DA ILUSÃO

http://molo.me/Frankjkosta

As mãos se juntam - ajustam-se - em busca de proteção. Buscando apoio, suporte.
Deslizam, sussurrantes, apalpam, agarram, arranham.
Dedos superpostos, delicados, alvos...
Alvos incertos do olhar indiscreto que observa e segue.
Assim vai-se, assim fui-me, e nada restou.

E, de minha sacada, contemplo a Escuridão. Pois a lanterna que me iluminava a paisagem, esta eu te dei.
Para que te ilumine em teu caminho, mesmo sabendo que tua jornada te levará ainda mais para longe de mim.
É o que, e quem, eu sou. E EU não poderia ser diferente de mim. De minha essência.
E as luzes da cidade seguem, sem saber pra onde... E vão, assim, iluminando fragmentos de minha solidão...

A noite guarda meus desejos, despejando uma pá de cal sobre eles quando amanhece...
E tudo se acaba no descerrar de meus olhos. Então uma lágrima solitária desce por meu rosto, pela saudade daquilo que sei jamais possuir.

13 abril, 2015

Do tempo que não-tempo tem.

http://www.publico.pt/local/noticia/o-tempo-ao-contrario-1691706


O tempo do não-tempo chegou.
Aquele trazido no fogo do coração da Estrela.

Gaia e toda a vida atravessa a linha de um tempo que é não-linear, dádiva celestial.
Tudo convergindo num único tubo de Luz mergulhando nas profundezas da Escuridão; perdendo-se nela para nunca mais.

Em que tempo estamos nós? Atravessando o tempo do não-tempo.

Estamos no olho do furacão, atravessando mares nunca d'antes navegados.
Estamos numa encruzilhada: autodestruição ou transformação.

Qualquer parada, um terremoto, qualquer partida um tsunami.
No Tempo do Não-Tempo não existem meias-verdades, tudo é sempre para nunca mais.

Em que tempo estamos nós? Atravessando o tempo do não-tempo.

E a Escuridão dobra-se sobre si mesma e vomita ainda mais Luz...
que perde-se em meio a escuridão nascida de si própria.

O Tempo do Não-Tempo chegou.
E nada será para sempre, pois a eternidade não existe mais.

06 abril, 2015

Haiku nº XXII


http://nlwirth.com/blog/



olhos tristes,
uma lágrima cai,
a noite vem...


adeus,
eu preciso de você.
nosso amor morreu....



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