Miradores

27 agosto, 2015

දුEnaṭaraeāpaiyaක්


          Uma vez houve, há muito tempo atrás, em que me forcei a crer no amor.
          Mas que sabia eu, então, sobre o amor?

          Assisti a filmes; ouvi canções; li poemas, poesias; cartas de amor alheias.
          Também eu, cartas de amor escrevi.

          A maioria jamais entregues a quem quer que seja.
          Foram, todas elas, Cartas Para Ninguém!!

          Eis que o Tempo (este que com nada se importa, a não ser o próprio fluir) mostrou-me o Fim, depois do Início; que nada escapa à Entropia.
          Que todo e qualquer sentimento é verdadeiro e, por isto mesmo, está fadado ao desgaste, à Entropia.
          Mostrou-me, o Tempo, que certos sentimentos duram mais que outros, que alguns ganham uma sobrevida, evoluindo para alguma outra forma; mas mesmo estes findam. Mas isso, aprendi com o Tempo.

                    Porque os livros, as canções, os poemas, as poesias e cartas MENTEM!!

          Prometem roseiras sem espinhos, inícios sem fim, prazer sem agrura. Êxtase sem agonia.
          Queriam me fazer crer que o Idílio seria infindo.

          A “Cultura do Amor” também me ensinou a ser mesquinho.
          Não o egoísmo inteligente: aquele que te leva a atender vontades alheias para ter os próprios desígnios saciados.
          Ao invés disso, a ‘cultura do amor’ ensina a mesquinhez, a não considerar o outro e a atropelar tudo quanto exista no desespero de preencher o vazio existente em si.

                                                  E isto, esta dor, não quero mais.


15 abril, 2015

HAIKU Nº VII

http://molo.me/Frankjkosta
A mão, ávida, percorre a bandeja...
Copos que não vieram, garrafas vazias, cestinhas desprovidas de seu conteúdo.

A boca, voraz, macera tudo, rasga, perfura, mastiga...
A garganta, sôfrega, deglute, engole; estalando de prazer e saciedade.

Os dedos, lépidos, manipulam, usam, exploram o alimento que as mãos buscam, a boca macera e a garganta engole...

Morre uma vida para que a minha se sustente.

O DESTERRO DA ILUSÃO

http://molo.me/Frankjkosta

As mãos se juntam - ajustam-se - em busca de proteção. Buscando apoio, suporte.
Deslizam, sussurrantes, apalpam, agarram, arranham.
Dedos superpostos, delicados, alvos...
Alvos incertos do olhar indiscreto que observa e segue.
Assim vai-se, assim fui-me, e nada restou.

E, de minha sacada, contemplo a Escuridão. Pois a lanterna que me iluminava a paisagem, esta eu te dei.
Para que te ilumine em teu caminho, mesmo sabendo que tua jornada te levará ainda mais para longe de mim.
É o que, e quem, eu sou. E EU não poderia ser diferente de mim. De minha essência.
E as luzes da cidade seguem, sem saber pra onde... E vão, assim, iluminando fragmentos de minha solidão...

A noite guarda meus desejos, despejando uma pá de cal sobre eles quando amanhece...
E tudo se acaba no descerrar de meus olhos. Então uma lágrima solitária desce por meu rosto, pela saudade daquilo que sei jamais possuir.

13 abril, 2015

Do tempo que não-tempo tem.

http://www.publico.pt/local/noticia/o-tempo-ao-contrario-1691706


O tempo do não-tempo chegou.
Aquele trazido no fogo do coração da Estrela.

Gaia e toda a vida atravessa a linha de um tempo que é não-linear, dádiva celestial.
Tudo convergindo num único tubo de Luz mergulhando nas profundezas da Escuridão; perdendo-se nela para nunca mais.

Em que tempo estamos nós? Atravessando o tempo do não-tempo.

Estamos no olho do furacão, atravessando mares nunca d'antes navegados.
Estamos numa encruzilhada: autodestruição ou transformação.

Qualquer parada, um terremoto, qualquer partida um tsunami.
No Tempo do Não-Tempo não existem meias-verdades, tudo é sempre para nunca mais.

Em que tempo estamos nós? Atravessando o tempo do não-tempo.

E a Escuridão dobra-se sobre si mesma e vomita ainda mais Luz...
que perde-se em meio a escuridão nascida de si própria.

O Tempo do Não-Tempo chegou.
E nada será para sempre, pois a eternidade não existe mais.

06 abril, 2015

Haiku nº XXII


http://nlwirth.com/blog/



olhos tristes,
uma lágrima cai,
a noite vem...


adeus,
eu preciso de você.
nosso amor morreu....



http://pixabay.com/pt/inverno-neve-%C3%A1rvore-invernal-coroa-632169/

26 fevereiro, 2015

Haiku nº IV












All lovers of the world,
 at some point,
offer the moon as a proof of love.
If, someday,
they realized that the cold glitter
 of the Moon smile is a smirk of disdain...
Is who forgot
 - crazy in passion -
 that even the moon has a dark side...















17 fevereiro, 2015

Não me conheces

Não sabes nada sobre mim: meus sonhos e meus medos.
Se me conhecesses, entenderias minha saudade, meu sorriso em lágrimas...

 
Você não pode dizer quem eu sou.

Talvez tenhas entendido quando eu disse o quanto você é especial!
Porque eu sempre esperei ser capaz de dizer a alguém, o quanto é especial para mim.


Mas você não é capaz de dizer quem eu sou.

Suas palavras, suas carícias ...
Eu acreditava que éramos "um para o outro".

 
Você pode não saber dizer quem eu sou.

E você não pode acreditar em minhas palavras.
E quando, esta mesma dor ... Loucura !!!

 
Você não sabe dizer quem eu sou.

Se você me conhece, você vai entender o que eu sinto.
 
E você não pode saber dizer quem eu sou.

Aqui ...
são apenas ....
palavras ...
no vento ...






*frankj costa*

O Desenganado Enganador

 un-,mistake,negative,injustice,non-





Penso que estás enganado,


quando afirma que ele engana-se


por supor que tudo seja engano.

 





Cosmic Warp






07 fevereiro, 2015

Haiku nº VIII











O melhor do mundo

flores, música, luar,

sol, chuva, terra...



Não diga nada.

ouça o silêncio...

sussurrado no limiar.



Não há mais luar.

ficarei aqui

à volta da fogueira.



Nuvens ligeiras

A dança que jamais termina.

lágrimas secas.









06 fevereiro, 2015

Haiku nº X


















Corre sob os pés,
fazendo com que se sinta,
olhar para fotos e vídeos.
 
Permita simplesmente ver.
Toda essa beleza,
mesmo que já não mais exista.











Numa mesa, sob o quebra-luz...


http://animalshow.com.br/tag/abandono/


                         Não deveria ser; mas tem momentos que a solidão é tão acolhedora...

Sento a um canto, acendo um cigarro, enquanto vejo a fumaça que ascende lembro da tua voz -plena de sorriso- dizendo com aquele tom jocoso de quem lê piadas numa revista.

O amor é famélico, nunca contentando-se com migalhas.


Sinto o lábio se arqueando num parco sorriso; desses risos indecisos entre amarelo e saudoso, e penso com meus botões:

É idiotice, eu sei. Mas fazer o quê? Sinto tua falta. Tem vezes que eu queria que o tempo voltasse, só pra tentar fazer certo, desta vez.”.


Trago o cigarro e tento fazer aquelas rosquinhas de fumaça que já vi em tantos filmes noir, tantas vezes a teu lado. E, de novo, só consigo aquela nuvem amorfa: nenhuma rodela, nem rosquinhas, nem coisa alguma. Meu sorriso fica mais largo, agora eu rindo da minha estupidez.

Jamais consegui fazer uma sequer, ao longo da última década, e sinceramente nem sei porque ainda insisto...


Pego outro cigarro, e fico me encarando no reflexo da minha cigarreira de aço polido; tal qual um espelho.

"Talvez eu me sinta incapaz de fazer alguém feliz.". Penso me olhando no reflexo pálido.


"Porquê?" Lembro de te ter perguntado, certa vez, numa sorveteria; e você respondeu:


Porque me dá um medo desgraçador disso tudo: ser feliz, amar... medo de ser bom. Medo de gostar. Eu tenho esse medo; de que tudo que nos faz bem, temos medo.

http://blog.moshe.com.br/index.php/