Miradores

26 julho, 2010

*Sem Devolução*

Todas as coisas que te dei, não me as devolvas.

Não as querendo mais? Atira-as ao lixo, queima-as, retalha-as com tesoura (ou faca), joga-as ao liquidificador, tritura-as; mas não me as devolvas!

Jamais queiras tu ferir-me de morte assim... no que escrevi e dei-te foi minha verdade, minha felicidade toda te dei; em cada verso perfeito, cada rima áurea.
Não me as devolvas...

Guarda contigo todas estas partes - que já foram e não mais são - minhas! É tudo teu agora: cada palavra rebuscada, cada cifrograma talhado no papel, cada lágrima deitada sobre a lauda vazia quando revelava minha tristeza; tornando-me ainda mais incompleto, de ti dependente, a cada nova linha traçada.
Não me as devolvas!

Imploro: não me tornes completo de forma outra que não com teus abraços e beijos, carne e espírito.
Mas não devolvas parte alguma minha de todas as que te dei!!
Leva-as consigo aonde fores: aqui ou além. Para mim deixes somente as lembranças; as cicatrizes; as dores; a solidão!
Não me cures apenas para que eu viva sem ti!
Não me as devolvas...

Agora acaba-se!
Por escolha e vontade, quero estar distante e ciente de tudo quanto te concirna.
Partiste! E um dia chegará... no qual passarás pelo Umbral.
Nada restará aqui, em mim: a não ser o doce recordar-te!

Suplico! Nada tens a devolver-me!
Permita eu ser sombra: resquício infiel do que esperancei tornar-me junto a ti!
Desejo indelével!
Impraticável por sua intrínseca natureza: ser contigo inteiriço!
Mas não me as devolvas...

Vá! Salva minha alma!
Ela está no que, de mim, agora te pertence!

E não há devolução..!..

*frankj kosta*

3 comentários:

  1. Esse papo de pedir presente de volta é a maior baixeza!

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  2. Mas ninguém pediu... a idéia é justamente o contrário!

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  3. Alex Barata da Silva5 de agosto de 2010 às 18:52

    Gostei do texto excelente para uma despedida

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