Miradores

14 outubro, 2011

Da Depressão e outras Ex-Pressões

Nenhum motivo de maior importância, apenas buscando um ouvido (olhos) que me atencione um pouco que seja!

depressão propriamente vem de depressare, do verbo deprimere, “prensar, esmagar”, formado por de-, “para baixo”, mais premere, “apertar, comprimir”.
Assumiu o sentido de “afundamento de uma economia” logo depois da Revolução Francesa. Passou o ter significado clínico no jargão psicológico em 1905.
A escolha da palavra manifesta muito bem a sensação de esmagamento sem esperanças que uma pessoa que apresenta doença depressiva sente.

in: Origem Da Palavra - Site de Etimologia

Ultimamente ando às voltas com meus ensaios de depressão, com profundos pensamentos que - em geral - pouco me acalentam ou me acalmam.

Acho interesante como a dita cultura popular investe na saudade, na carência, na rejeição e no instinto de vingança; em geral são estes os temas que se veem em canções classificadas como 'românticas'; mas estas canções raramente falam do amor como algo presente, continuado.

Sempre é relacionado à perda, à saudade, à vontade de regressar a uma época de nossa vida em que éramos felizes - sabiámos disso - mas que não valorizamos, reconhecendo seu valor apenas depois da perda.Posso mostrar isso com este vídeo:


Embora a qualidade esteja baixa, é possivel ler a legenda (em português para facilitar a todos) e, através da legenda, é possível ver que não fala de amor, fala de saudade e da esperança de retomada de um amor que houve, existiu!


Creio que os dois poemas mais sinceros acerca da natureza volátil do amor sejam:

1- Soneto de Fidelidade (de Vinícius de Moraes) e


2- Soneto de Amor (de Luis Vaz Camões)

Amor é um fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?


Um pequeno "poema" de minha autoria:

Agora, ando às voltas com os arrependimentos
das coisas que preferi não fazer.
Me esgueiro nas sombras da saudade da felicidade que senti.
Afundo-me na inécia de meu pensar.
Desejando um outro amor vivendo em mim
mas com medo de voltar a amar.
Medo de sofrer.

Agora, escondo-me nas falhas de minha memória.
Desculpo-me pelas pequenas mentiras que conto.
Não choro mais pelas coisas que não terei,
mas lamento eternamente cada uma das que eu perdi.
E o Amor é isso? Sim, mas também não o é!
É o Tudo que nos move e o Nada que nos paraliza.
Nos consola, mas nos consome...

E, para finalizar (pois já começo a não saber mais o que dizer - infinita tristeza), deixo-os com uma de minhas canções preferidas:

Monte Castelo - Legião Urbana


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