Miradores

27 dezembro, 2012

“A verdade é que você chega nesse mundo sozinho, e sai do mesmo jeito.” — Cazuza.



"O sandálo perfuma o machado que o feriu" (Legião Urbana-Mil Pedaços)

Mas e quando o machado são suas próprias escolhas?

Quando o sândalo é a expectativa do que jamais será??



Que se deve fazer?



Hoje o dia foi cinza, vazio, oco.
Hoje fui por onde íamos juntos.
Hoje, tive plena certeza da falta que me fazes...
"tempus mudus ad litteras" diziam os romanos antigos...
Um dia sem cartas, sem sms, sem facemsg. Sem chamadas a cobrar...



E esta saudade estúpida que arranha minha vontade. Esta comiseração galopante que me enche a mente de recordações que não quero evitar, mas preciso.
Mas como evitar se hão lembranças espalhadas por tantos lugares, por tantas vielas?
Como fugir se, quando não são recordações in factu, são ranços de desejos não realizados que me atocaiam pelas esquinas?
Sabia que ia doer, tinha noção da amplitude, mas não sabia com certeza concreta até o peito doer na primeira saída à rua.



Gostaria de desistir, de voltar atrás, mas isso também seria uma fuga.
E não se pode fugir de si mesmo...
Então se tenta comprar alguma ilusão, uma distração qualquer! Mas mesmo isto já não funciona.
Me pus além do véu, farpas de realidade que sempre rasgarão o tênue e delicado tecido das farsas sinceras, das honestas mentiras.
Não sei mais mentir pra mim mesmo, desaprendi a fazê-lo, levei mais de uma década para aprender e não vou retroceder.

"...É que eu já me acostumei

Com a estrada errada
Que eu segui
E com a minha própria lei..."



E busco validar minha decisão, nem isso consigo.

Paga-se um preço por tudo quanto se decide, e não há preço 'alto demais', mas existem aqueles que nos atiram à borda do Abismo, aquele lugar cinza onde não se sabe mais o porque de continuar.
É onde me encontro agora, receoso de que o Abismo que encare de volta e veja, no reflexo de seus olhos vazios, a sobra de mim mesmo, soterrada nos escombros de meus fracassos, na turbulência que assola minh'alma e me convence -instante a instante- que apenas a Morte me consolará.



Meus braços possuem um vão, nascido da ausência do teu corpo entre eles.
Minha boca está seca, pela ânsia dos teus beijos.
Meu corpo é frio, porque se viciou no calor que tinha próximo ao teu.
Agora, Tudo e Nada pesam a mesma coisa.
E meu espírito pesa ainda menos.



 Ahemai certamente devoraria meu coração, se ele não estivesse tão negro de mágoas, de dissabores. Tão apodrecido que sequer é digno de passar pela balança de Maat!


"...Com você por perto

Eu gostava mais de mim..." (Legião Urbana-La Nuova Gioventú)


Mas agora? Que você não está mais por perto?
Pois muito de mim é movido a amor, movido a paixão...




“Amamos quem nos ignora, e ignoramos quem nos ama .” 

— garoto-sex. 

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