Miradores

10 março, 2011

*Queda de Mim*

Estou morrendo...

Comecei a morrer na noite na qual fui apartado de ti:
Sem chão de estrelas; sem dia branco; sem margarida!

A cada dia, um pouco mais de mim se ia: a luz dos meus olhos; a alegria de meu riso; a leveza de meu espírito; a felicidade de minha alma; a bondade de meu coração!

Agora mais de mim irá: a boa-vontade de meu caráter; a amizade de minha índole; a sanidade de minha mente; a saúde de meu organismo!

Então, serei uma massa vulgar: sem esperança em minha existência; sem expectativas em meu horizonte; tendo perdido Pneuma, deixo de ser Soma, sendo apenas Sarx!

Aos poucos, míngua em mim a chama da vida!
Profetizo o Momento da Queda de Mim!

A exata hora em que não poderei mais cavar motivos; desculpas; justificativas para continuar respirando...
Instante este em que nada é tudo que me restará!

Assim, pararei!
Alento deixará meu corpo; o Hálito se exaurirá...

Inerte, alcançarei minha extinção!
Jazerei na cova fria do oblívio: local onde permanece todo aquele que a Vida se tenha acabado antes do final!

Lugar ermo onde apenas o Inverno existe; onde o Sol não brilha jamais, a não ser para lembrar a seus moradores - com brilho cegante e calor abrasador - que sua danação, infinita, é eterna!

Que jamais se encontrará em tal lugar qualquer traço ou vestígio de compaixão; quiçá piedade!
Onde a sede não será saciada, a fome não será mitigada!

Pradarias vastas, cobertas por céu plúmbeo, atulhado de anjos disformes a cantarem em uníssono: lembrando-me sempre, mais e de novo, a miséria titânica que se assomou sobre mim desde o momento em que partiste para outras paisagens, mais verdes, mais elísias.

Asseverando a tirânica saudade que me consome, pouco-a-pouco e me levará à Morte: entregar-me-á a seus braços; a quem abraçarei sofregamente.
Desejando que aquele Ente fosses TU!

E, preso nesta ilusão auto-imposta, fecharei meu olhos e morrerei novamente.
Levando comigo minha única jóia, meu único valor: a recordação e a lembrança de ti!
Dissolvendo-me na imensidão do vazio!

*FrankJ. Costa*

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